domingo, 17 de fevereiro de 2008

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO



Num cantinho de um terreiro,

sentado num banquinho pitando o seu cachimbo,

um triste preto-velho chorava.

De seus “olhos” molhados,

esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces

e não sei porque contei-as.....Foram sete.
Na incontida vontade de saber aproximei-me e o interroguei.

Fala, meu preto-velho, diz ao teu filho

por que externas assim uma tão visível dor?
E ele, suavemente respondeu:

estás vendo esta multidão que entra e sai?

As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.

A primeira,

eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração,

para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber....

A segunda,

a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando,

na expectativa de um milagre que os façam alcançar

aquilo que seus próprios merecimentos negam.

A terceira,

distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a AUM-BAM-DAM,

em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante.

A quarta,

aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.

A quinta,

chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: creio na AUM-BAM-DAM, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.

A sexta,

eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada,

buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.

A sétima,

filho, notas como foi grande e como deslizou pesada?

Foi a última lágrima, aquela que vive nos “Olhos” de todos os Orixás.

Fiz doação dessa aos Médiuns(as)vaidosos,

que só aparecem no Centro nos dias de festa e faltam as doutrinas.

Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade

e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.

Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO.