No século dezenove, um homem do Líbano escreve um belíssimo poema ao Grande Mestre.:., que mais parece uma prece de louvor, amor e remissão as fraquezas humanas.
Um poema de extrema sensibilidade e muito atual. O autor com muita leveza, nos transporta nas asas de eras passadas em um mergulho profundo das fraquezas humanas, que nos causa espanto, horror e vergonha.
Em pleno século 21, ainda existem pessoas que negam a existência de um ser que encarnou e deu a sua vida por nós em total dedicação de amor.
Estamos ainda imbuidos no preconceito, orgulho, vaidade, arrogância, covardia, omissão de atos e palavras e egoísmo mesquinho. Ao mesmo tempo, nos sentimos amados e confortados pela beleza e paixão de Jesus e Maria de Madalena.
Leia e reflita, substiua os nomes de pessoas e lugares pelos que você conhece, terá uma surpresa.

Mestre das palavras não pronunciadas,
Sete vezes nasci e sete vezes morri
Desde Tua rápida visita e nosso breve acolhimento.
E vê, mais uma vez eu vivo.
Lembrando um dia e uma noite entre as colinas,
Quando tua preamar nos levantou.
Desde então, muitas terras e muitos mares cruzei,
E onde quer que me levassem a sela ou a vela,
Teu nome era uma prece ou um argumento.
Os homens abençoavam-Te ou amaldiçoavam-Te;
A maldição: um protesto contra o fracasso;
A bênção: o hino do caçador
Que volta das montanhas
Com provisões para sua companheira.

Para nosso consolo e nosso apoio.
E também Teus inimigos,
Para nossa fortaleza e nossa segurança.
Tua mãe está conosco;
Tenho observado o brilho de sua face
No semblante de todas as mães;
Sua mão embala berços com meiguice,
Sua mão dobra mortalhas com ternura.

Ela que bebeu o vinagre da vida, e depois o vinho.
E judas, o homem de dor e mesquinhas ambições.
Ele também anda pela terra;
Mesmo agora preia-se a si mesmo,
Quando sua fome não encontra outra presa,
E procura seu Eu maior na sua autodestruição.
E João, aquele cuja juventude amava a beleza, está aqui,
E canta, embora no meio da indiferença.
E Simão Pedro, o impetuoso,
Que te negou para que pudesse viver mais tempo por Ti,
Ele também se senta junto ao nosso fogo.
E pode negar-Te outra vez
Antes que chegue a aurora de outro dia.
Entretanto, deixar-se-ia crucificar por Tua causa,
Julgando-se indigno dessa honra.

E julgam o culpado e o inocente.
Dormem em seus leitos de macias penas,
Enquanto Aquele que condeneram é chicoteado.
E a mulher apanhada em adultério,
Ela também anda pelas ruas de nossas cidades.
Faminta por um pão ainda não cozido,
E vive sozinha numa casa vazia.
E Pôncio Pilatos está também aqui;
Mantem-se apavorado diante de Ti
e ainda Te interroga,
Mas não ousa arriscar sua posição
Ou desafiar uma raça estranha;
E continua a lavar as mãos.
Mesmo agora, Jerusalém segura a bacia e Roma, a jarra.
E entre as duas,
Um milhar de milhar de mãos seriam lavadas até a brancura.

Mestre das palavras cantadas e faladas,
Construiram templos para abrigar Teu nome;
E em cada altura elevaram a Tua cruz,
Um sinal e um símbolo a guiaar seus passos para a frente,
Mas não para aTua alegria.
Tua alegria é um monte além de sua visão,
E não lhes dá conforto.
Honrariam, antes, o homem igual a eles mesmos,
Num deus que teria a mesma bondade,
E o mesmo amor e a mesma misericórdia que eles próprios?
Honram não o homem, o homem vivo,
O primeiro que abriu Seus olhos e fitou o sol
Com pálpebras firmes,
Não, eles não O conhecem, e não querem ser como Ele.

Caminhando na procissão dos desconhecidos.
Preferem suportar a tristeza, a sua tristeza,
E não encontrariam consolo em Tua alegria.
Seus corações doloridos não procuram consoloção
Em Tuas palavras e na canção nelas contida;
E sua dor, silenciosa e informe,
Torna-os criaturas solitárias e isoladas.
Embora ligados pelo parentesco e pela espécie,
Vivem no temor e sem se acamaradarem;
Contudo, não gostariam de ficar a sós
E curvar-se para o leste quando sopra o vento do oeste.
Chamam-te rei,
E quereriam estar em tua côrte.
Proclam-Te Messias,
E quereriam ser ungidos com o santo óleo.
O sim, viveriam de Tua vida.

Tuas lágrimas eram como as chuvas de maio,
E Teu riso, como as vagas do mar encapelado.
Quando falavas,
Tuas palavras eram o sussurro distante
Dos seus lábios abrasados pelo fogo;
Rias pela medula de seus ossos
Que ainda não estavam prontos para o riso;
E choravas pelos seus olhos, que ainda estavam secos.
Tua voz era um pai
Para seus pensamentos e sua compreensão;
Tua voz era uma mãe
Para suas palavras e seu alento.

E agora vivo de novo e Te contemplo,
O lutador dos lutadores,
O peta dos poetas,
Rei acima de todos os reis,
Um homem seminu com seus companheiros de estrada.
Todos os dias, o bispo cruva a cabeça
Quando pronuncia Teu nome;
E todos os dias, os mendigos dizem:
"Pelo amor de Jesus,
Dai-nos uma moeda para comprar o pão."
Apelamos uns aos outros,
Mas na verdade é para Ti que apelamos,
Mas na verdade é para Ti que apelamos,
Como a uma preamar
Na primavera de nossa necessidade e de nosso desejo,
E como uma baixa-mar, quando chega nosso outono.
Alto ou baixo, Teu nome está em nossos lábios,
Mestre da infinita compaixão.

Aqui e ali, entre o berço e o esquife,
Encontro teus irmãos silenciosos,
Os homens livres, inabaláveis,
Filhos de Tua terra e de Teu espaço.
Eles são como os pássaros do céu,
E como os lírios da campina.
Vivem Tua vida e pensam Teus pensamentos,
E ecoam Tua canção.
Mas estão de mãos vazias
E não são crucificados com a grande crucificação.
E nisto está sua dor.
O mundo crucifica-os todos os dias,
Mas somente nas pequeninas coisas.
O céu não fica abalado,
E os túmulos não expulsam seus mortos.
São crucificados e não há ninguém
Para assistir a sua agonia;
Volvem a face para a direita e para a esquerda
E não encontram ninguém que lhes prometa
Um lugar no Seu reino.
Entretanto, desejariam ser crucificados
Outra vez e mais outra vez,
Para que Teu Deus seja o seu Deus
E Teu Pai seja o seu Pai.

A princesa espera Tua chegada em sua alcova perfumada,
E a mulher só aparentemente casada espera-Te em sua prisão;
A prostituta que procura pão nas ruas de sua vergonha,
E, em seu claustro, a monja que não tem marido;
E também a mulher sem filhos, à sua janela,
Onde a geada desenha a floresta na vidraça,
Ela te encontra nessa simetria,
E imagina-se Tua mãe, e se sente confortada.

Mestre de nossos desejos silenciosos,
O coração do mundo treme com o palpitar de Teu coração,
Mas não se inflama com a Tua canção.
O mundo senta-se e escuta Tua voz em tranquilo deleite,
Mas não se levanta do seu assento
Para escalar as cristas de Teus montes.
O homem pode sonhar o Teu sonho,
Mas não despertará à Tua aurora,
Que é seu sonho maior.
Poderá ver com Tua visão,
Mas não arrastará seus pesados pés para o Teu trono;
Entretanto, muitos tem sido entronizados em Teu nome
E coroados de mitras com Teu poder,
E transformaram Tua visita de ouro
Em coroas para suas cabeças e cetros para suas mãos.

Cujo olho mora nos dedos tateantes do cego,
Ainda és desprezado e motejado,
Como um homem demasiado fraco e inseguro para ser Deus,
E um Deus demasiado humano para atrair adoração.
Suas missas e seus hinos,
Seus sacramentos e seus rosários são para os seus Eus aprisionados.
Tu és seu Eu ainda distante, seu grito ao longe, e sua paixão.

Cavaleiro de nosso sonho mais belo,
Ainda teces o dia presente
E nem os arcos nem as lanças deterão Teus passos;
Caminhas através de todas as nossas flechas.
Sorris do alto para nós,
E embora sejas o mais jovem de todos nós,
Servis de pai a todos nós.
Poeta, Cantor, Grande Coração.
Que nosso Deus abençoe Teu nome,
E o ventre que Te conteve e os seios que Te aleitaram.
E que Deus perdoe a todos nós.

As figuras foram retiradas do site de busca do google, com um agradecimento especial as belíssimas pinturas de Erna Y.
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